Conto: A história da heroína Santa Maria Bernarda  (parte 1)

Este é um conto de heroína real, mas um pouco diferente. É a história real de uma heroína pouco convencional. Aliás, toda a história não se parece a nenhum conto que você já leu antes. Uma coisa te garanto, aconteceu de verdade.

Era o ano de 1868, o dia 4 de maio. Enquanto o sino pesado soava forte na torre do Convento Maria Hilf, na cidadezinha de Altätten na Suíça, uma jovem alta e forte cruzava o estreito corredor pouco iluminado, com arquitetura medieval, em direção ao altar do templo, muito simples. Um sorriso discreto na boca, como convinha as regras de comportamento da época, mas que transbordava alegria e ansiedade no olhar. Ia ao encontro daquele por quem se apaixonou, como noiva em direção à sua cerimônia de compromisso com o príncipe de seus sonhos.

O bonito vestido e o véu brancos foram dando lugar a túnica marrom franciscana de tecido rústico, muito simples, sem o corte da moda ou detalhes e acessórios, além do véu que ocultava seus belos cabelos. Não foi apenas sua beleza física de jovem que estava sendo ocultada para dar lugar a uma busca pela expressão máxima da beleza do ser, mas também seus ímpetos, orgulhos e ambições pessoais.

Uma nova jornada iniciava e, daquele momento em diante, ela seria chamada de Irmã Maria Bernarda do Sagrado Coração de Maria, não mais Verena. Como uma heroína que assume outro nome para uma nova vida cheia de aventuras, servindo e salvando outras vidas. Ainda assim, sua alegria era maior do que o medo e a insegurança do caminho novo que iniciaria, cheio de magia e desafios.

Diante de todos, em silêncio, recebeu o véu negro do ingresso no noviciado, como uma coroa que a fez sentir uma força misteriosa, divina e maravilhosa que a envolveu. Podia senti-la como aos raios de sol numa manhã quente de verão. Entre as lágrimas via seus pais, Catarina e Henrique, ao fundo, emocionados com a segunda entrega de sua filha. Estavam apreensivos, mas conformados e felizes por ela ter sido escolhida. Deus a chamou e ela decidiu assumir a missão que tinha que realizar.

A cena os lembrava do primeiro ritual de entrega de sua quarta filha à Força Divina da Trindade, a mesma que os conduzia e a quem todos serviam com devoção e fidelidade. O batismo da pequena Verena Bütler, na Capela de Auw, no pequeno povoado de Cantão de Argau, pouco tempo depois de seu nascimento. Era um luminoso dia de sol, em 28 de maio de 1848, vinte anos antes destes fatos que narramos.

Aquela linda e tão branquinha bebê de traços suaves e serenos, mas já bastante inquieta. Verena sempre foi cheia de personalidade e sempre tinha atitudes diferentes do que esperavam, muitas vezes com rebeldia, que os deixavam preocupados. Assim como cada um dos demais irmãos, ela era diferente.

Ali foi o início dessa história de uma heroína real, que nasceu iluminada pelo sol e animada pelo canto dos pássaros das montanhas suíças. Emocionada, Verena, ou melhor, Maria Bernarda suspirou fundo e despediu-se de seus familiares para sempre. Sua jornada daquele ponto em diante seguiria com a orientação de suas mestras e guias.

Não se engane quem imagina que nossa heroína não enfrentou problemas para encarar a missão que devia assumir para o resto de sua vida. Precisou superar muitos obstáculos até compreender o que se passava com ela, em seu interior, reconhecer a força que a chamava e a atraia por caminhos que ela não planejava. Mas esses fatos contaremos a você nos momentos que seguem.

Texto escrito por: Irmã Rosilei Mielke

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Cristine Maraga

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