(cf. Jo 3,14-15)
“… o Filho do Homem será levantado, a fim de que Todo o que nele crer tenha a vida eterna.”
Muitos tempos e culturas
Te fizeram onipotente,
Poderoso, onipresente,
Deus eterno das alturas…
Omitiram tua loucura
De amor, na cruz pregado,
Injustamente condenado
Por processo de manobras.
Cruz dá sentido à tua obra:
Viver nos crucificados.
A cruz mostra autoridades
Da política e religião
Condenando sem razão
Com seu poder e vaidade.
Mas revela a identidade
Do nosso libertador
Que dá a vida por amor
Às vitimas deste mundo.
É o gesto humano fecundo
Do mistério redentor.
Pendurado no madeiro
Sem poder dominador,
Sem beleza e sem vigor,
Sem êxito e sem dinheiro…
No matadouro o cordeiro,
Deus humilde e paciente,
Compartilha e tem presente
A dor dos injustiçados:
É o Deus dos crucificados,
Das vítimas inocentes.
Na cruz com Jesus estão:
As mulheres maltratadas,
As crianças violentadas,
Idosos na solidão,
Esquecidos da religião,
Jovens de vida vazia,
Vítimas de epidemias,
Traficados e haitianos,
Os de estado desumano
Nas nossas periferias…
Ivo Pedro Oro (A Palavra se faz poesia, excerto do poema, p. 48)